HISTÓRIA DO VIOLÃO

Mauro Giuliani

Mauro Giuliani nasceu em Bolonha, Itália, em 1780, segundo alguns ou em Barletta, na província de Bari, também na Itália. Muito cedo, começou a aprender violino, flauta e violão, mas não demorou a descobrir qual instrumento preferia e logo passou a dedicar-se exclusivamente ao violão. Parece que foi autodidata, a não ser pela iniciação rudimentar ao instrumento. Possuía um estilo próprio de tocar que extraía do instrumento sonoridades inauditas, sutilezas tímbricas que poucos conseguiam reproduzir. Sua fama de virtuoso já estava estabelecida antes de completar vinte anos. Por volta de 1807 ele vai a Viena, onde se apresentou em inúmeros concertos e onde foi professor de fama, tendo ministrado lições a figuras de destaque da nobreza austríaca . De 1807 a 1821, os jornais registram seus bem sucedidos concertos e louvam seu talento de compositor e de executante, aclamando-o como o maior virtuoso de todos os tempos.

Giuliani possuía uma visão ampla de toda a arte musical de seu tempo, para a qual bastante contribuíram os amigos que por muito tempo o acompanharam. Johann Nepomuk Hummel, por exemplo, que era pianista e compositor, tinha estudado com Mozart em Viena, com Clementi em Londres e, novamente em Viena, com Johann Georg Albrechstberger e com Antonio Salieri. Diabelli tinha sido discípulo de Michel Haydn (irmão de Joseph) e sobre uma valsa de sua autoria Beethoven escreveu suas célebres Variações, op. 120. Mayseder foi solista da Ópera Imperial de Viena e Moscheles, além de ter sido notável compositor, foi considerado um dos maiores pianistas de seu tempo. Uma passagem curiosa da vida de Giuliani é que em 8 de dezembro de 1813 ele era um dos músicos da orquestra que dava a primeira audição da Sétima Sinfonia em Lá Maior, de Beethoven, sob a regência do próprio compositor. Sabe-se que Mayseder e Hummel se encarregaram dos tambores e Moscheles dos prato, porém até hoje não se sabe que instrumento Giuliani teria tocado, embora seu nome figure expressamente na carta de agradecimento público escrita por Beethoven aos músicos participantes.

Sempre empenhado na divulgação do violão e de sua música, Giuliani foi o introdutor da terz-gitarre, violão um pouco menor que o normal e afinado uma terça menor acima da afinação costumeira.

Em 1815, um trio formado por Giuliani (violão), Mayseder (violino) e Hummel (piano) apresentou-se numa série de Dukaten Conzerts ou concertos por assinaturas. Também foi o violonista uma série de 6 concertos dados nos Reais Jardins Botânicos de Schonbrun, com a presença da família real e da nobreza. A partir de 1816, o trio percorre as mais importantes cidades da Alemanha. Após essa turnê com passagem por Roma  e depois pela Holanda, Giuliani viaja para a Rússia aonde permanece por vários anos. Após vários anos, reencontra seu amigo Hummel e viaja para Londres em 1833, onde encontra Fernando Sor. As composições de Giuliani eram facilmente assimiláveis pelo público e seu estilo de tocar era mais brilhante que acabou por extrair da critica a seguinte opinião:

Giuliani vocalizou seus adágios de um modo impossível de ser imaginado por quem nunca o ouviu: sua melodia, em movimentos lentos, não mais se assemelhava ao curto e inevitável Staccato do piano, que requer  profusão de harmonias para compensar a deficiente sustentação das notas, mas estava impregnada de um caráter não apenas sustido e penetrante, mas tão patético e sincero a ponto de parecer uma característica natural do instrumento. Numa palavra, fez o instrumento cantar.

Por volta de 1833, o interesse do púbico pelo violão era tão grande que permitiu o surgimento da primeira revista de que se tem noticia: devoted solely to the interest of the guitar. Foi publicada durante todo o ano de 1833 pelo violonista Ferdinand Pelzer e intitulada The Giulianad, numa clara homenagem a Giuliani.

Tendo voltado a Viena, ali faleceu em 1840. Deixou mais de 300 composições, a maioria para solo de violão, incluindo um método para o instrumento, diversos concertos, estudos para violão, concertos para violão e orquestra, quartetos, quintetos, duos para dois violões, duos para violão e violino, duos para violão e piano.

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