Violão Mandrião

O ponto de encontro dos amantes do Violão

HISTÓRIA DO VIOLÃO

O Violão na República – VI (Augustin Barrios)

Outro violonista de suma importância foi o paraguaio Augustin Barrios que também esteve de visita ao Brasil em 1916. O fato de sua passagem demonstra a falta de informação causada por um preconceito arraigado na sociedade brasileira. Um artigo do Jornal do Comércio do Rio de Janeiro publicado em maio de 1916 traduz e exemplifica este preconceito:

“Debalde os cultivadores desse instrumento procuram fazei-lo ascender aos círculos onde a arte paira. O violão não tem ido além de simples acompanhador de modinhas.”

Agustin Barrios com João Pernambuco à esquerda e Quincas Laranjeiras à direita
Agustín Barrios entre João Pernambuco (esquerda) e Quincas Laranjeiras (direita).

É bem provável que, para o autor do artigo, o violão fosse somente um acompanhador de modinhas e um eterno companheiro de seresteiros e arruaceiros da cidade. Não poderia ele aceitar que um instrumento basicamente de rua fosse colocado no mesmo nível de um piano ou de instrumentos clássicos como violino e outros. Para ele a música para o violão estaria no mesmo nível de uma atração circense e afirma taxativamente:

“A arte, no violão, não passa por isso, até agora, do seu aspecto pitoresco”.

Em São Paulo, o pensamento não era diferente. Saulo Wanderley ressalta a ‘virada de casaca’ pela imprensa paulista neste ano de 1916. Com a vinda de Augustin Barrios a São Paulo, o jornal ‘O Estado de São Paulo’ deixou de atacar o violão e passou até mesmo a aceitá-lo. Viram principalmente que Augustin Barrios tinha – além da técnica impressionante ao instrumento – contato com grandes compositores eruditos como Berlioz.

Aos poucos a ideia preconceituosa de que o violão não poderia produzir música de boa qualidade foi se modificando. Devemos lembrar que, ao longo das duas primeiras décadas deste século a música popular se ampliou através das gravações e das casas de chá e cafés cantantes. Esta popularização das serestas e das modinhas fez com que o violão – o seu melhor acompanhador – fosse também aos poucos aceito pela critica. O elo entre a música popular cantada e a música instrumental se deu em São Paulo, como já vimos anteriormente, através do músico Paraguaçu. Após os concertos por ele realizados no Teatro Municipal de São Paulo em 1917, a imprensa se refere ao violão da seguinte maneira:

“O violão é um instrumento nobre. Pena é que a sua sonoridade não corresponde às exigências do público dos concertos que anseia sempre pelas grandes sonoridades.”

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