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TENDINITE: Uma ameaça que pode ser evitada

Os tendões são as estruturas que conectam os músculos aos ossos. Os tendões têm formas diversas, relacionadas à estrutura do músculo e do osso que eles estão unindo. A maior parte dos tendões são semelhantes a segmentos de cordões mas existem tendões cuja forma é laminar como um leque de abanar.
Seja qual for sua forma o tendão é constituído por um tecido dito “viscoelástico” que alia grande resistência ao estiramento a uma grande capacidade de deslizar entre estruturas adjacentes.

Para que o tendão se mantenha normal é necessário que haja o intercalamento harmônico de períodos de relaxamento entre os períodos de estiramento ou de tensão. Quando esse ciclos de “relaxa-mento – estiramento – relaxamento” são perturbados, por uso inadequado ou excessivo do músculo, por traumatismos, por inflamação, degeneração, ou por doenças que comprometam o suprimento sangüíneo do tendão, podem ocorrer micro rupturas, inchação, dor, mau funcionamento e fraqueza do tendão. Esse conjunto de alterações constitui o que se chama de “tendinite” que se manifesta como dor e fraqueza localizadas e dificuldades para realizar os movimentos que dependem do tendão acometido.

As tendinites mais comuns entre os músicos ocorrem nos membros superiores, principalmente nos tendões dos músculos que movimentam os punhos, os cotovelos (“epicondilites laterais e medias”) e os ombros. Menos freqüentes mas igualmente importantes, são as tendinites que ocorrem nos dedos das mãos e as que acometem grandes grupos musculares ao longo do membro superior e no pescoço – as chamadas “cervicobraquialgias”.

Os primeiros sintomas das tendinites são dores ao esforço; muitas vezes essa dor se irradia para outras partes do braço. Quando a inflamação do tendão é mais intensa podem aparecer inchação no local acometido, principalmente após esfor-ços. Se não tratada, a tendinite pode evoluir para sensações de formigamento e dormên-cia, inchação generalizada dos membros superiores, dores mais freqüentes e intensas, diminuição da resistência e força muscular e das habilidades motoras prejudicando a performance do músico.

O diagnóstico de uma tendinite é geralmente clínico (baseado nos sintomas e no exame do local); apenas quando há dúvidas ou quando é necessária uma avaliação mais detalhada é que se recorre a exames complementares, a avaliação por ultra-som e a “eletroneuromiografia” (exame que estuda o funcionamento do nervos e músculos atra-vés da estimulação elétrica dessas estruturas).

Todo músico que suspeitar que está com tendinite deve procurar o mais rápido possível um serviço especializado para que os sintomas não evoluam e o tratamento seja mais eficiente. Antes dessa avaliação, o músico jamais deve fazer uso de órteses ou si-milares (*) não deve seguir conselhos dados por leigos ou aplicar em si um tratamento preconizado para outra pessoa que tem ou já teve uma tendinite; cada pessoa deve ser avaliada em suas especificidades antes de se indicar qualquer tratamento.

Em linhas gerais, o tratamento de uma tendinite num músico varia de acordo com o tempo de duração da inflamação (aguda, sub-aguda ou crônica), com o local acometido e com a natureza específica de sua atividade profissional (regente, instrumentista, cantor, tipo do instrumento tocado, a técnica utili-zada na performance, etc.)

Na “fase aguda”, o ciclo “dor – espasmo – dor” precisa ser interrompido e antes de se iniciar o tratamento até mesmo para permitir uma avaliação mais detalhada. Nessa fase:

* dependendo da gravidade do problema, costuma ser necessária uma diminuição ou mesmo a interrupção temporária das atividades que agravem os sintomas;

* são utilizadas técnicas para desativar pontos de dor em todo o membro superior e pescoço, algumas modalidades de alongamento (como o alongamento à distância), a aplicação de calor no local (ou calor intercalado com gelo) e, eventual-mente, órteses (splints) para o repouso periódico da área afetada;

* esses cuidados dificultam a ocorrência de encurtamentos mais graves do tendão e são preparatórios para os alongamentos mais específicos.

Superada essa fase aguda, as órteses começam a ser retiradas gradativamente (são usadas apenas à noite), os alongamentos já podem ser realizados no membro afetado e inicia-se um protocolo de exercí-cios e atividades leves.

Na fase crônica, as modalidades preparatórias de alongamento praticamente já não são utilizadas a não ser que a dor persista. São intensificadas as técnicas de “terapia manual” como massagens específicas, alongamentos de nervos e músculos, técnicas de “crochetagem” e de liberação articular. É nessa fase que se iniciam os treinamentos es-pecíficos com o instrumento musical para corrigir posturas viciosas e confeccionar adaptadores quando necessário.

Em todas as fases do tratamento é importante avaliar o padrão respiratório e cor-rigi-lo quando necessário pois “TODA POSTURA DE ESTIRAMENTO MUSCULAR É IMPOSSÍVEL SE O DIAFRAGMA ESTÁ EM BLOQUEIO INSPIRATÓRIO”.

Quanto mais precoce for o tratamento de uma tendinite melhor será o prognóstico. Se o músico busca o tratamento apenas quando os sintomas já estiverem muito exuberantes e a tendinite avançada, a recuperação será muito mais lenta e o prognóstico menos favorável.

A prevenção das tendinites se baseia em cuidados e procedimentos:

* intercalar períodos de repouso entre os períodos de estudo;

* evitar a repetição excessiva do mesmo movimento;

* reeducar sua postura (quem nunca fez esse tipo de trabalho deve procurar ajuda especializada);

* manter uma atividade física(*) regular que permita aos tendões se alongarem, es-tirarem e relaxarem; fazer sessões de alongamentos diariamente;

* a manutenção de uma postura adequada, associada a atividade física regular são as ações mais eficientes para prevenir tendinites em geral;

* procurar acompanhamento de um profissional especializado, ao menor indício de uma tendinite.

Ronise C. Lima Terapeuta Ocupacional – Terapeuta da Mão

(*) Assuntos que serão abordados na próximas edições do EXERSENDO.

extraído do site www.exerser.com.br

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