Dino Sete Cordas
Horondino José da Silva (*1918 +2006)
Nascido no bairro de Santo Cristo, começou brincando com o violão do pai, que trabalhava como operário fundidor e tocava nas horas vagas. Aos 14 anos já participava de serestas com os boêmios do bairro e, em 1935 começou a carreira profissional, acompanhando o cantor Augusto Calheiros em circos de Niterói/RJ. Tocava de ouvido, fazendo bordão nas variações que aprendia com o pai e os irmãos músicos: Lino, que tocava cavaquinho no Regional de Dante Santoro, e Jorginho, mais tarde ritmista do Conjunto Época de Ouro. Em 1937 foi convidado para integrar o Regional de Benedito Lacerda, substituindo o violonista Ney Orestes, que adoecera. Trabalhava então como operário numa fábrica de sapatos, mas com a morte de Ney Orestes tornou-se efetivo no grupo e deixou a fábrica. Logo em seguida, Carlos Lentine, outro violonista do regional, foi substituído por Jaime Florence, o Meira, surgindo então a dupla de violonistas Dino-Meira, uma das mais famosas e duradouras da música popular brasileira. Como integrante do regional, gravou muitos discos, acompanhando os interpretes famosos da época, Francisco Alves, Carmem Miranda, Luís Barbosa, Silvio Caldas e Orlando Silva, entre outros. Na década de 1940 iniciou estudos de teoria musical e, em 1950, quando o Regional de Benedito Lacerda se transformou no Regional do Canhoto, continuou a fazer parte do grupo. Foi nessa época que começou a tocar violão de sete cordas, até então utilizado somente pelo violonista Tute, no Grupo da Velha Guarda e no conjunto diabos do Céu. Encomendou um violão especial, com a sétima corda grave afinada em dó, desenvolvendo e dinamizando o seu uso. Como integrante do Regional do Canhoto, prosseguiu acompanhando inúmeros cantores e outros solistas, em gravações, shows e rádios. em fins da década de 50, com o surgimento da bossa nova, seguida do iê-iê-iê, o estilo da execução dos violonistas de regional ficou fora de moda. Passou então a usar uma guitarra elétrica e entrou para o conjunto de danças liderado por Paulo Barcelos. Na segunda metade da década de 60, com as gravações de discos de escolas de sambas, o violão bordão, chamado de “baixaria”, volta a ser requisitado. Em 1965 e 1967, participou da gravação dos dois LPs do Show Rosa de Ouro, de Hermínio Belo de Carvalho, acompanhando as cantoras Clementina de Jesus e Araci Cortes, e o Conjunto Rosa de Ouro. Nessa fase, deu aulas de violão e atuou no Conjunto Época de Ouro, de Jacó do Bandolim. A partir de 1970, com o ressurgimento do samba e do choro, em gravações, passou a tocar com grande número de cantores, como Beth Carvalho, Raul Seixas, Gilberto Gil, Carlinhos Vergueiro, Macalé, Vinícius de Morais, Toquinho e Cristina. Em 1974 foi responsável pelos arranjos e pela regência de dois discos importantes, lançados pela etiqueta Marcus Pereira: A Música de Donga com Elizete Cardoso, Paulo Tapajós e outros, e o primeiro LP de Cartola. Dois anos depois, atuou novamente com Cartola, orquestrando o seu segundo LP, que lançou o sucesso As Rosas Não Falam. Em 1988 completou 63 anos ininterruptos de atuação como músico profissional, ostentando número invejável de participações em discos e shows de artistas de várias gerações. Considerado como o grande mestre do violão de sete cordas, lançou em 1991 um disco histórico em que tocou com outro virtuoso do instrumento Raphael Rabello.
O show marcado para o dia 30/05, que pretendia arrecadar fundos para continuar seu tratamento em casa, não foi alterado. Aconteceu como uma homenagem à memória de um artista que ajudou a definir e expandir a riqueza de seu brasileiríssimo instrumento. Faleceu na noite de sexta-feira (26/5), devido a problemas de saúde que culminaram numa pneumonia. Ela estava internado desde o dia 09 de maio.
Veja o depoimento de outros violonistas
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira: Popular, Erudita e Folclórica.
São Paulo: Art Editora: PubliFolha, 1998