HISTÓRIA DO VIOLÃO

Garoto (1915-1955)

Anibal Augusto Sardinha, o Garoto, nascido na capital paulista e filho de imigrantes portugueses, vinha de uma família de músicos. Seu pai tocava guitarra portuguesa e violão, o irmão Batista tocava banjo e vários outros instrumentos além de possuir seu próprio conjunto, assim como o irmão Inocêncio, que era cantor e violonista. Contanto apenas 11 anos de idade Sardinha apareceu no cenário musical, tocando banjo e violão no Regional Irmãos Armani. Um ano depois, conhecido então como o Moleque do Banjo, integraria o Conjunto dos Sócios de seu irmão Inocêncio. Em 1929, durante uma grande exposição no palácio das Indústrias, Garoto tem a oportunidade de tocar ao lado de grandes músicos como Canhoto, Zézinho e Mota em programas da General Motors. Em 1930 une-se ao violonista Montezano, também conhecido como Serelepe e grava na Parlophon (cujo diretor artístico era o maestro Francisco Mignone), os maxixes “Bichinho de Queijo” e “Driblando” (para duo de banjo e violão), ambos de sua autoria.

Forma duo com José Alves da Silva (Aymoré), com quem passa a realizar serenatas todas as noites no bairro da Luz, e nesse mesmo ano viaja com o grupo Chorões Sertanejos pelo interior do estado. Atuou em diversas emissoras de rádio. Em 1931 na Rádio Educadora Paulista, por onde ingressou através de um concurso de Música Brasileira promovida pela rádio e pelo jornal “A Gazeta” com a participação de Canhoto e Paraguassú. Em 1934 na rádio Cósmos, onde trabalhou com Aymoré, Attílio Grani e Hudson Gaia (Petit), deixando então o nome de Moleque do Banjo que usava desde os 11 anos, passando a adotar o de Garoto. Na mesma ocasião, com Petit e Aymoré, apresentou-se no Salão Nobre do Edifício Martinelli. Junto com Aymnoré participa da nova embaixada de artistas de rádio de São Paulo onde, em julho de 1935, participa do Pavilhão de Festas da exposição Rodoferroviária do Paraná.

Durante os intervalos das excursões, a dupla Garoto e Aymoré participa do filme musical “Fazendo Fitas”, sátira aos primeiros filmes sonoros brasileiros dirigido por Vittorio Capellaro.

Em 1936, ainda com Aymoré, Garoto toca no Rio de Janeiro, na Rádio Mayrink Veiga, e no ano seguinte integra o conjunto regional da Rádio Cruzeiro do Sul. Já no início da década de 40 vai para a Rádio Nacional onde desfruta de um maior contato com os profissionais da época, e passa a atuar nessa fase áurea do rádio com Carolina Cardoso de Menezes com quem gravaria o disco Garoto e Carolina, em 1942, pelo selo Victor.

Participou da Orquestra da Emissora (regida por Radames Gnattali), formou dupla com José Menezes com quem se apresentou em programas da emissora em 1947, e constituiu um trio com Fafá Lemos (violinista) e Chiquinho do Acordeon, apresentando-se com o grupo no programa Música em Surdina, da Nacional, o que propiciou ao grupo a gravação de dois LPs pela Musidisc.

Garoto também se apresentou (em 1935) em cassinos, como o Cassino Rodoviário do Paraná e o Cassino Farroupilha de Porto Alegre. De lá rumou para a Argentina, juntamente com Aymoré, onde ambos acompanhavam Carlos Gardel em algums de suas apresentações.

Ainda com a dupla Garoto e Aymoré gravou, em 1936, pela Columbia, dois discos de sua autoria que traziam o choro “Dolente”, as valsas “Moreninha” e “Sobre o Mar”, e o choro “Quinze de Julho”, em parceria.

Com Laurindo de Almeida, Garoto formou novo duo em 1939. Nesse mesmo ano partiu para os Estados Unidos a convite de Carmem Miranda, tocando em conjunto com o regional Bando da Lua e também dando concertos solos. Retornando ao Brasil, forma o conjunto Garoto e Seus Garotos. Em 1953 tocou o Concerto nº 2 para violão e orquestra de Radamés Gnatalli, obra composta especialmente para ele, apresentando-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em concerto regido por Eleazar de Carvalho.

Ao longo de sua carreira estudou música com João Sepe, Radamés Gnattali e Attílio Bernardini, e este último diria, anos mais tarde, que seu aluno mais famoso era rebelde, sava o polegar como palheta, mas transbordava talento e criação própria. Alcançou grande êxito como compositor e instrumentista, inovando e influenciando seus contemporâneos no campo da harmonia instrumental e firmando-se como um dos precursores da Bossa Nova. Sobre ele, dizia Dilermando Reis nos anos setenta:

“…há 30 anos Garoto já produzia a batida que se tornou mundialmente famosa com João Gilberto e Tom Jobim”

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