HISTÓRIA DO VIOLÃO

Antônio Torres

Antônio Torres nasceu em Almería, Espanha, em 1817 e faleceu nesta mesma cidade em 1892. Tendo aprendido o ofício de carpinteiro inicialmente, entrou mais tarde como aprendiz na oficina do conceituado luthier Juan Pernas. Logo que conseguiu proficiência na nova profissão, mudou-se para Sevilha onde, no seu segundo casamento teve como padrinho o violonista Julian Arcas que o apoiou e o incentivou de tal modo que Torres resolveu dedicar toda sua vida à construção de violões. Não levou, porem muito à sério, aparentemente desiludido com a profissão e com aquilo que ela lhe proporcionava economicamente. Deixou Sevilha e retornou a sua cidade natal, onde se estabeleceu com uma loja de cristais que manteve até seu falecimento em 1892, tendo, no entanto, construído alguns poucos violões nesse intervalo de tempo, atendendo alguns pedidos de amigos e vizinhos de sua cidade. O grande mérito de Torres foi estabelecer o desenho definitivo do violão, mais precisamente o formato e as dimensões da caixa acústica. Aperfeiçoou a forma de 8 combinando as faixas cinturadas com um bojo maior, aumentando também a altura das faixas, o que trouxe notável melhora na sonoridade do instrumento, tanto em volume, quanto em timbre, em comparação aos modelos mais antigos, de caixa acústica menor, faixas estreitas e cintura pouco pronunciada.

Entretanto, não é correto pensar que ao simplesmente aumentar o tamanho do instrumento estará assim melhorando as suas qualidades. Há limites impostos pela natureza das cordas, pelo seu comprimento e pela própria tessitura do instrumento. À medida que se aumentam as dimensões da caixa acústica, entre outros efeitos, ocorre uma sensível perda nos harmônicos superiores, a maior resposta passa a ser na região grave e esta, por sua vez, embora mais intensa, começa a adquirir certa indefinição que é devida ao aparecimento de harmônicos indesejáveis. O violão clássico deve oferecer equilíbrio entre as regiões grave, média e aguda e não pode deixar de ter a extensa gama de timbres que, de certo modo, compensa sua sonoridade modesta. Essa necessidade impõe um limite às dimensões da caixa acústica e Torres soube entender esse limite, motivo pelo qual mesmo os melhores violões da atualidade bem pouco se afastam do plano usado por ele.

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